Tu por certo não sabes que És ser a tua própria Ojeriza, de nada'propria Sua tão débil psique Nesse mundo, tornando-se Tão cinza, tão ruim, tão lento, Assim como tu serias no leito Sujo, assim como esperasse A salvação, uma nívea luz No fim do túnel fazendo jus Às todas desgraças já vividas. Assim como este soneto, Tu és de total aspecto inepto, Feito com as ânsias falecidas.
De que é feita nossa vivência? Das mágoas sempre infindas? Essas ansiosamente vividas No puro rancor da falência Que é a vida senão um mar De lodo e decadência, Ampliando a cada cadência Do movimento da translação lunar? Cercado por tantas panteras! Assombrosos são os olhares De seus fatais oculares! Sepultei todas as quimeras. Seu jazigo é feito do terrível Sentimento sempre inevitável.
O decúbito dorsal é a zona de conforto,
Por vezes viro-me pelas laterais,
O corpo repousa tranquilo e torto.
O olhar penetra o teto em repouso.
Fixamente na inspeção dos materiais
Compreendendo cada falha do osso.
A respiração circunspecta realiza
Sua atividade no mormaço existencial,
A célula de poeira na qual desliza
Por sobre o cansaço familiar -
Criando descaso ao provável potencial
Da atmosfera ferindo as aéreas com seu ar -
É a mesma que encontro transfixada
No breu do mediastino, o átrio e o ventrículo
Soam infernalmente seus esforços a cada
Pulsação,
A singularidade do âmago que sinto
Corrói meus nervos mais que o absinto,
No ocular de um ser vivente durante
O martírio de suas confissões dementes
Acercando o prelúdio do perecimento,
Pairando por sobre meu esquecimento
Dos saberes benéficos advindos de estudos,
No qual uso arduamente como escudo.
Não me atinge mais as adversidades
Da vida, somente possuo as verdades
Do vil destino agonizante da baforda!
À noite encontro águas chorosas,
No abismo de preces mentirosas.
Vive num pesadelo que jamais acorda!
Mentalmente na morbidade,
Delirando na vil realidade,
No temor de cada segundo
Passado como moribundo.
Análogo àquela inutilidade
Na qual evidencia a verdade,
O fato, de que minha bonança
Agoniza transfixada na lança.
Supérflua é, porém, a reação
De quando fitava a solidão,
Tal como é o olhar de lástima,
Vindo de um condenado
À outro, como tal, execrado.
Inda sou, de mim, mera vítima.